terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Competindo com incompetentes

Nunca tive nada contra os homens, muito pelo contrário, minha sexualidade está plenamente resolvida, sou hetero e portanto apreciadora do sexo (dito) forte. E aparentemente alguns espécimes do sexo oposto também viram uma certa graça em mim, de forma que companhia masculina, se não foi abundante, pelo menos nunca me faltou. E desde o princípio, como esqueceram-se de incluir o capítulo "toda mulher deve saber seu lugar" em minha educação, ou se o incluíram foi um daqueles por cima dos quais passei vista grossa e nem levei em consideração, meu comportamento não tem sido nada do que se possa classificar como "típicamente feminino'.

Por feminino entenda-se frágil, meloso, romântico, sonhador, e tudo o mais que aqui caiba em semelhante classificação. Sempre soube o que queria e lutei pelo que quis. Diz minha filha Adeline que quando eu invoco de aprender uma coisa eu caio dura de frio, fome ou cansaço, mas não desisto enquanto não aprender. E tudo o que aprendi ou consegui foi à custa de esforço.

Mas aí chega um homem, vê aquilo tudo, acha muito bacaninha e coisa e tal, elogia daqui e dali, sou muito inteligente e tal e coisa e acaba entrando na minha vida. E nem bem entrou e já começa a competição.

O que os homens não entendem - e colocar isso aqui é só mais uma tentativa de enfiar essa verdade em suas cabeças duras - é que só porque ele é homem não tem que ser o melhor. Pelo menos não em tudo. O que o homem tem dificuldade de engolir é que a mulher saiba ou faça qualquer coisa melhor que ele. Sempre que pode ele trata logo de competir. E compete pra ganhar, segundo lugar não interessa de jeito nenhum. Se não dá pra competir, ou porque ela realmente é o supra-sumo no assunto em questão, ou porque ele é um idiota absoluto, ele trata logo de diminuir e fazer pouco caso daquilo.

Um de meus maridos (ex-marido, diga-se de passagem) costumava referir-se às minhas cartas como "aquelas bobagens que você chama de correspondência". Na época eu me correspondia com pessoas de 90 países em 6 idiomas e se por acaso em alguma conversa o assunto vinha à tona ele rapidamente tratava de referir-se ao meu hobby de forma pejorativa, na base da gozação, ou então mudava drasticamente de assunto. Isso pra ele, que era praticamente incapaz de anotar um recado sem errar na gramática ou na concordância, mesmo no bom e velho português, e que para alguns era motivo de admiração, era um assunto intocável. Na cabeça dele - creio eu, macacos me mordam o dia que eu entender o que vai pela cabeça dos homens - o fato de eu escrever tanto e pra tantas pessoas, longe de ser interessante, era uma ameaça pois de certa forma era um contraste para a forma primária dele próprio escrever.

Na cabeça de um homem nunca surgirá a idéia de tentar também melhorar seus pontos fracos para niverlar-se aos seus pontos fortes. Homem gosta de nivelar por baixo. Alguns são tão eficientes nessas tentativas de minimizar o que você tem de bom ou que faz bem, que acabam por deitar por terra sua auto-estima. Alguns tornam-se especialistas em minar egos femininos e qualquer talento demonstrado pelo sexo frágil é um convite à destruição.

Se nós aderirmos e entrarmos no jogo tanto eles como nós só temos a perder. Esse tipo de competição em um relacionamento acaba por provocar tanto mal que saímos ambos de uma relação destruída e com o ego derrubado. A idéia é encorajar o "invejoso" a tentar também suas conquistas em sua própria área e fortalecer seus pontos fracos, em vez de tentar nos puxar o tapete.

(por Zailda Mendes)

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