terça-feira, 15 de julho de 2008

Fada do lar é o escambau!

E vem lá um gajo me dizer que me adapto perfeitamente à figura de fada do lar! Isso me cheira a filha-da-putice porco-chauvinista, vejam só os senhores! Claro que sei que a imagem idolatrada dos homens (enquanto maridos) é algo o mais próximo possível da santa, amada e idolatrada matrona que os amamentou até os 21 anos de idade, e por mais alguns continuaria se lhe permitissem os achaques da idade, a santíssima senhora.

Sei também que a sagrada matrona, além de fada, rainha e escrava do lar era também um ser assexuado (assim pensam os senhores - ou preferem pensar assim). E entendo que qualquer safado de uma figa que goste de ter uma santa em casa e outra(s) nem tanto lá fora, prefere a de casa o mais recolhida, recatada e cônscia de seus deveres de fada do lar possível.

Pois que essa imagem de fada do lar, hifenizada ou não, como queiram os senhores, já que a invenção da tétrica figura é mais fruto de vossa imaginação um tanto quanto batida e fora de moda, que propriamente oriunda da realidade - essa dura e palpável realidade que também pode ser chamada por alguns saudosistas de "mundo moderno", foi há muito abandonada e só resiste mesmo na mente doentia dos safados já citados, que entendem assim ser a melhor forma de ter de tudo um pouco: os prazeres do lar que a mamãezinha assexuada (volto a dizer: aqui, ó!) deles lá assegurava, e os prazeres de alcova por damas mais ou menos chegadas na prática do roça-roça e agarra-agarra fora de casa.

Pensam eles que ainda existe a tal "fada do lar" que os esperaria serenamente com seu intocável (e intocado) baton rosa clarinho sabor de morango, os cabelos arrumados cuidadosamente fio a fio, a casa um primor de organização e limpeza, com uma tigela de sopa, o jornal e as chinelas do amo provedor da casa.

Não acham então os senhores que assistiram muitos episódios de "Jeannie é um gênio" quando crianças? Se a Jeannie é seu sonho de consumo, ou você ainda não passou da infância (na idade mental e emocional, meu caro), ou pirou de vez, viajou na maionese.

Hoje em dia bobeou, cantou muito de galo lá fora, ou a fada do lar dá logo um pé na bunda do garanhão ou ele corre o risco de chegar em casa e dar de cara com o Ricardão. Se você ainda acredita em coisas como gênios da lâmpada, fadas... abre o olho meu caro! A moda agora é olho por olho, se imaginar que alguém vai ficar de pé fincado na realidade esperando você acordar de seu lindo sonho dourado sobre fadas e gênios, me desculpe aí o mau-jeito e o lugar-comum, mas pode ir tirando seu cavalinho branco alado da chuva.

E lembra bem que as aparências enganam, falando em contos-de-fadas, até a Branca de Neve, tão ingênua e recatada mocinha, enquanto o Príncipe marcava bobeira, fazia bacanal com 7 anões!

(escrito por Zailda Coirano)

3 comentários:

  1. Lindo texto em defesa da decantada emancipação feminina.
    Claro que nenhum homem em seu perfeito juizo pensa que sua mãe é assexuada, só não pensa na mãe fazendo amor.
    Não me parece que preste como fantasia além de ser incestuoso.
    Agora claro que todo o homem gosta de chegar em casa e encontrar uma mulher bem arranjada, com baton rosa ou não , intocado claro até ele chegar.
    Se a mulher for boa de cama duvido que o homem sinta necessidade de ter outras fora.
    E depois porque uma fada do lar, que pode ser esmerada organizadora da casa, que pode ser mãe exemplar, não tem que ser um anjo.
    Pode ser um vulcão na cama.
    Fada é sinónimo de beleza e ternura não de impotência feminina.
    E para finalizar deixo à mais recente fada do lar que conheço, Você Zailda, um beijo com todo o carinho e amizade.

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  2. Pois é minha querida fada , eu aqui de novo.
    E agora com uma surpresa para você.
    Uma carta de uma mulher
    Que talvez responda a este seu texto.

    Carta da Amélia

    São 6h. O despertador canta de galo e eu não tenho forças nem para atirá-lo contra a parede. Estou tão acabada, não queria ter que trabalhar hoje. Quero ficar em casa, cozinhando, ouvindo música, cantarolando, até! Se tivesse filhos, gastaria a manhã brincando com eles. Se tivesse cachorro, passeando pelas redondezas. Aquário?… Olhando os peixinhos nadarem. Espaço?… Fazendo alongamento. Leite condensado?… Brigadeiro. Tudo menos sair da cama, engatar uma primeira e colocar o cérebro pra funcionar.

    Gostaria de saber quem foi a mentecapta, a matriz das feministas que teve a infeliz idéia de reivindicar direitos da mulher e por que ela fez isso conosco, que nascemos depois dela??? Estava tudo tão bom no tempo das nossas avós, elas passavam o dia a bordar, a trocar receitas com as amigas, ensinando-se mutuamente segredos de molhos e temperos, de remédios caseiros, lendo bons livros das bibliotecas dos maridos, decorando a casa, podando árvores, plantando flores, colhendo legumes das hortas, educando crianças, freqüentando saraus, a vida era um grande curso de artesanato, medicina alternativa e culinária… Aí vem uma fulaninha qualquer que não gostava de soutien tampouco de espartilho, e contamina várias outras rebeldes inconseqüentes com idéias mirabolantes sobre “vamos conquistar o nosso espaço”.

    QUE ESPAÇO, MINHA FILHA!!?? Você já tinha a casa inteira, o bairro todo, o mundo aos seus pés. Detinha o domínio completo sobre os homens, eles dependiam de você para comer, vestir, e se exibir para os amigos, que raio de direitos requerer? Agora eles estão aí todos confusos, não sabem mais que papéis desempenhar na sociedade, fugindo de nós como o diabo da cruz! Essa brincadeira de vocês acabou é nos enchendo de deveres, isso sim! E PIOR, nos largando no calabouço da SOLTEIRICE AGUDA. Antigamente, os casamentos duravam para sempre. Por que, me digam por que, um sexo que tinha tudo do bom e do melhor, que só precisava ser frágil, foi se meter a competir com o macharedo? Olha o tamanho do bíceps deles, e olha o tamanho do nosso… Tava na cara que isso não ia dar certo. Não agüento mais ser obrigada ao ritual diário de fazer escova, maquiar, passar hidratantes, escolher que roupa vestir, que sapatos, acessórios, que perfume combina com meu humor, nem de ter que sair correndo, ficar engarrafada, correr risco de ser assaltada, de morrer atropelada, passar o dia ereta na frente do computador, com o telefone no ouvido, resolvendo problemas. Somos fiscalizadas e cobradas por nós mesmas a estar sempre em forma, sem estrias, depiladas, sorridentes, cheirosas, unhas feitas, sem falar no currículo impecável, recheado de mestrados, doutorados, e especialidades. Viramos “super-mulheres”, mas continuamos a ganhar menos do que eles… Não era muito melhor ter ficado fazendo tricô na cadeira de balanço?

    CHEGA!!! Eu quero alguém que abra a porta para eu passar, puxe a cadeira para eu sentar, me mande flores com cartões cheios de poesia, faça serenatas na minha janela… Ai, meu Deus, são 7h30, tenho que levantar! E tem mais… Que chegue do trabalho, sente no sofá, coloque os pés pra cima e diga “meu bem, me traz uma dose de whiskey, por favor?”, pois eu descobri que é muito melhor servir. Ou pensam que eu tô ironizando? Tô falando sério! Estou abdicando do meu posto de mulher moderna… Troco pelo de Amélia. Alguém mais se habilita?

    Antes eu sonhava, agora nem durmo mais.
    Autora desconhecida

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  3. Arriégua, que os homens resolveram comentar! Não resistiram a tanta provocação e resolveram sair da toca. A carta da Amélia é deprimente, nem vou comentar, mas deve tratar-se de alguma mocinha acometida de vermes (popular amarelão), ou então pura e simples PREGUIÇA. Viver de forma tão fútil deve até ser bom para algumas mulheres (felizmente não a maioria), mas acredito que as vantagens da dupla jornada e da igualdade que vai sendo conquistada palmo a palmo são bem maiores que as desvantagens citadas pela mocinha.
    Obrigada pelo comentário, Gonçalo! Apareça sempre!

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