terça-feira, 11 de março de 2008

Que os presunçosos vão todos pentear macacos

Sabe aquela doença que algumas pessoas têm, que as leva a pensar que tudo que fazemos é em função delas e que nossos pensamentos, desde que acordamos até a hora em que esticamos a carcaça cansada na cama está voltado para elas?

Sabe de quem eu tô falando, né? Todo mundo conhece alguém atacado por essa moléstia, que começa literalmente destruindo aquele órgão famoso que nenhum professor mostra na aula de anatomia, o tal do desconfiômetro. O segundo sintoma é um inchaço. Começa levemente, ali na região do Ego e vai se alastrando, até que o tal Ego incha tanto que chega a ficar duas ou três vezes maior que numa pessoa sã.

A terceira fase então é a pior. Confusão mental. A pessoa diz frases desconexas tipo: "confessa que vocês estavam falando de mim quando eu entrei" (claro que ninguém tava nem lembrando que a Ilustre Figura existia, com tanta coisa boa pra conversar) ou: "você me viu, sim, mas na hora que passou por mim virou a cara e não me cumprimentou" (que nada, vai ver a gente virou a cara pra ver algum gataço angorá de olhos verdes e a múmia paralítica já tá se achando...).

Se a pessoa sobreviver a essa fase (geralmente os amigos costumam mata-los pra evitar que o mal se alastre), vem a quarta e mais difícil fase: a pessoa começa a achar que até Deus tá de marcação com ela, paranóia absoluta: "tenho certeza que se eu botar esse sapato caríssimo hoje, vai chover" (filho, nem com todos os famintos do nordeste rezando dia e noite pedindo por chuva Deus não tá nem aí, chove quando tem que chover, vê lá se ele tá ligando a mínima pro preço desse seu sapatinho ridículo e cafona aí).

Infelizmente presunção não tem cura. Pode-se tentar umas doses de Simancol 3 vezes ao dia pra aliviar os sintomas, mas cura não tem. E a doença é fatal, costuma levar anos nessa agonia, só acabando mesmo quando o infeliz baixa à cova. E os parentes chorando (por que é que não foi antes, nos pouparia tanta raiva...).

Se tem algum amigo com esses sintomas, aconselho manter distância, nada de contato físico, passar muito tempo com ele em recintos fechados. Aconselho mesmo que tire umas férias bem longe, onde nem por celular o doente te encontre. Dizem que Aruba é um lugar ótimo. Se não der, tente algo mais prosaico, como o Morro do Macaco, por exemplo. Costuma funcionar.

(escrito por Zailda Mendes)

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